Sobre o coletivo

O Coletivo Quariterê tem a missão de propor, debater, influenciar e monitorar políticas públicas nos âmbitos municipal e estadual que convergem em ações afirmativas para inclusão dos profissionais negros e negras em toda a cadeia produtiva do segmento audiovisual.

 

O Quariterê, homenageado no nome do coletivo, foi o Quilombo do Quariterê, localizado na região de Vila Bela, primeira capital do estado. A história do quilombo é a história de Teresa de Benguela, rainha do Quariterê. Sua resistência heróica e seu espírito democrático foram inspirações para a criação desse lugar de aquilombamento para os profissionais do audiovisual mato-grossense, esse lugar onde podem chegar e se reconhecer entre pares.

 

Poster: Tereza de Benguela, edição colecionáveis do CineClube Coxiponés.


O encontro de profissionais negros da cultura e do audiovisual que daria origem ao Coletivo Quariterê aconteceu em 19 de setembro de 2017, dias após participarem da Oficina de Cinema Negro ministrada pelo Prof. Dr. Celso Prudente na Universidade Federal de Mato Grosso, entre 11 e 14 de setembro do mesmo ano.

 

O Coletivo possui também ações diretamente ligadas ao debate e à luta pela implementação de políticas públicas afirmativas, bem como a discussão sobre a inserção da pessoa negra no mercado (contemplando do mesmo modo outras “minorias”), como a reivindicação da estruturação do edital da cultura do município no ano de 2018, para que o valor destinado de 100 mil ao segmento audiovisual fosse subdividido em 4 valores para os concorrentes: uma parcela de 50 mil para diretores não estreantes e duas parcelas de 25 mil para diretores estreantes, visando com isso a participação de indivíduos com dificuldades estruturais e acesso para a elaboração de carreira e currículo.

 

Foto: Divulgação das gravações de Aqui Jaz a Melodia, sob a direção de Wuldson Marcelo.

 

Reivindicamos também a inclusão de políticas afirmativas, na formatação do edital do estado, direcionado ao segmento, no ano de 2018, como vagas destinadas a afrodescendentes, indígenas e LGBTQIA+ e vaga para direção estreante; neste caso, a conquista foi em relação a vaga para direção estreante, inclusa no edital. 

 

 

O Quariterê se posicionou de maneira obstinada em relação a decisão de utilização do recurso público,  previamente pensado para a formação, no valor de 600 mil reais, investimento que seria realizado pela Secel-MT no setor audiovisual (ano 2019/2020), para que fosse definitivamente destinado à contratação de uma instituição de respaldo nacional para a formação de novos profissionais.       

 

Foto: Divulgação do Curso de Formação em Direção Audiovisual realizada pela Escola Darcy Ribeiro e Secel-MT (2021)

 

 Em 2019 produzimos de maneira independente o primeiro filme do Coletivo: “A Velhice Ilumina o Vento” (ainda sem data de estreia), com apoio das produtoras Latitude Filmes e Plano B Filmes e com o patrocínio da Agro Serra nos custos básicos da produção (alimentação, deslocamento, aluguel de Van). O filme tem como protagonista Valda (interpretada por Benedita Silveira), mulher preta, periférica, trabalhadora e que tem como descontração a ida à Bailes da Terceira Idade. O filme foi planejado todo de forma colaborativa e envolveu na realização mais de 24 pessoas negras, desde a pré-produção à pós-produção, com o intuito não só de que o coletivo tivesse uma uma obra audiovisual com temática negra, agregando as conquistas do grupo um produto realizado pelo Quariterê, como de formação de todos os participantes, refletindo assim sobre a constituição da equipe e dos bastidores de um filme.  

 

Foto: Still de Benedita interpretando Valda, em “A Velhice Ilumina o Vento”

 

Atualmente, dois membros do Coletivo Quariterê compõem a diretoria e o conselho fiscal, respectivamente, da associação MTCine, visando pautar a equidade racial e fomentar a representatividade, fazendo valer o debate sobre a inclusão das pessoas afrodescendentes no cenário audiovisual.